Quanto mais julgadora é sua mente, mais desejos reprimidos ela carrega.
- Vivian Fróes
- 19 de jul.
- 2 min de leitura

Quantas vezes nos pegamos criticando ou julgando alguém sem perceber que, talvez, esse julgamento diga mais sobre nós do que sobre o outro? Por trás de cada julgamento severo pode estar escondido um desejo reprimido, uma sombra oculta em nosso inconsciente que busca espaço para se expressar.
O julgamento excessivo geralmente está conectado ao Superego, a instância da psique que absorve as normas sociais, morais e éticas. Quando o Superego se torna rígido, ele tende a bloquear a expressão de certos desejos ou impulsos do Id, que representam nossos instintos mais primitivos. Esses desejos, impedidos de emergir de maneira saudável, acabam se manifestando de forma indireta, frequentemente através de julgamentos severos ou projeções.
A boa notícia é que essa dinâmica pode ser transformada em uma poderosa ferramenta de autoconhecimento. Em vez de simplesmente criticar ou rejeitar certos pensamentos, emoções ou ações, podemos investigar o que eles revelam sobre nós.
Como fazer isso? Primeiro, é essencial admitir que somos mais críticos e julgadores do que gostaríamos. Ao reconhecer esse hábito, podemos nos observar com mais atenção, identificando quando e como julgamos os outros — seja em palavras ou pensamentos.
Depois, ao invés de voltarmos o julgamento contra nós mesmos com culpa ou autocrítica, podemos criar um espaço interno de acolhimento. Em vez de se punir por ser “uma pessoa ruim”, que tal se tratar com gentileza e curiosidade?
O próximo passo é se perguntar: “O que esse julgamento diz sobre mim?” Talvez seja um desejo reprimido, um medo não reconhecido ou até mesmo uma vontade que não está sendo vivida plenamente. Muitas vezes, julgamos aquilo que sentimos que não podemos viver — por não nos permitirmos ou por sentirmos que, de alguma forma, isso nos foi proibido.
Essa reflexão permite que nossas sombras internas venham à tona de maneira consciente, reduzindo a necessidade de projetá-las no outro. Esse processo não significa ceder a todos os desejos reprimidos, mas sim compreendê-los e buscar formas saudáveis de expressá-los.
O ato de julgar pode ser ressignificado como um chamado para a reconexão consigo mesmo. Em vez de apenas enxergá-lo como um hábito negativo, podemos transformá-lo em uma bússola para entender melhor nossas emoções e motivações.
Ao acolher nossa vulnerabilidade, damos um passo corajoso em direção à autenticidade e à construção de uma vida mais plena e consciente. Afinal, aceitar quem somos — com todas as nossas nuances e paradoxos — é um dos gestos mais profundos e transformadores que podemos fazer.
- Vivian Fróes



